quarta-feira, 20 de maio de 2009

Loucos por sexo

Nem sempre adorar fazer sexo é sinônimo de satisfação. Algumas pessoas pensam em sexo muitas vezes ao dia. E como diziam nossas avós - o que é demais enjoa. Gostar de sexo não pode levar à escravidão. Estar com o outro é saber desfrutar de momentos light, descontraídos e espontâneos. Excesso de libido pode ser um alerta. Sexo compulsivo também. Muitas vezes pode-se estar tentando preencher um "buraco afetivo". Em vez de comer, usar drogas, ir à academia pela manhã e à noite, ou qualquer outro tipo de compulsão, escolhe-se fazer sexo.
Até parece inofensivo, causa inveja nos círculos de conversa nos bares entre amigos. Quando alguém conhece um parceiro assim, fica logo se imaginando um start de desejo - a auto-estima eleva, a mulher se acha perturbadoramente mais bonita e o homem um garanhão repleto de testosterona. Mas não é o que rola com o tempo. Alguns companheiros acometidos por essa vontade louca de fazer sexo a todo o momento procuram o outro sem limites. Qualquer estímulo transforma suas idéias "naquilo". A questão é tão séria que alguns nem conseguem se concentrar direito no trabalho. Buscam alternativas na Internet, sites pornô e conhecem pessoas em salas de bate-papo que só têm sexo por objetivo.
E a coisa vicia mesmo. Uma brincadeira ingênua, como o tocar de pés, sem querer, enquanto almoçam ou jantam. Um olhar ou uma sobremesa cremosa... Enfim, tudo remete ao sexo. E não há quem agüente viver com um parceiro assim. O que vejo na prática em meu consultório são mulheres se queixando de seus maridos que desejam fazer sexo de manhã, tarde e noite. E por incrível que pareça, as mulheres não conseguem dizer não. A tal síndrome do querer agradar, tão comum nas mulheres, é o mal que as atinge e as deixam muito infelizes. Com medo de perder seus homens para outras, fazem suas vontades mesmo sem desejarem transar. Aos poucos, vão utilizando estratégias cada vez mais absurdas - está sempre aborrecida com o trabalho, reclama de tudo para o parceiro desistir dela. Não se depila, descuida-se e não tem mais amor pelo seu corpo. O homem percebe suas atitudes e carente, porque homens assim são carentes demais, vai buscar o "colo" nas duas pernas de outra mulher.
Mas nem tudo está perdido e, como em tudo na vida, é preciso saber lutar! Não é preciso que a parceira se afunde em tristeza porque seu homem quer sexo todo o tempo. É importante buscar diálogo e ajuda com um especialista. A psicoterapia vai ajudá-la a entender o que está passando e o que seu parceiro também vive. Aos poucos, conseguirá levá-lo ao especialista falando que quer sua ajuda - sim, isso mesmo, tem que dizer que sua presença irá ajudá-la e muito! Homens normalmente fogem desses "contatos psicoterapêuticos". E o profissional deve ser especializado e estar preparado para lidar com a situação.
Bem, após esgotar as possibilidades de não conseguir reverter o quadro, ou permanece na relação insatisfeita - o que é péssimo, mas cada um faz suas escolhas e se responsabiliza por elas - ou se liberta do que não a faz feliz. Sei que não é fácil, mas com a ajuda de um especialista verá que saberá o dia em que vai poder tomar essa decisão.
Muitas mulheres também são loucas por sexo, e cada vez mais isso é um aspecto relevante na sociedade atual. Elas buscam acessórios, vestimentas e lugares exóticos para realizar suas fantasias. O que é muito bom. O que não pode é só sentir prazer se for dessa maneira, porque exige um desgaste tremendo. Quando não der tempo de comprar a lingerie nova, a mulher pode sentir-se menos preparada e nesse momento influenciará diretamente em sua libido. O equilíbrio, em tudo que se faz na vida, é essencial. Amar demais, implicar demais, se preocupar o bastante para ficar frustrado e depressivo a maior parte do dia não trazem benefício algum.
Existem fases em quem um dos parceiros está com seus hormônios lá em cima. E, de certo, fará tudo para chamar sua atenção - tanto a mulher quanto o homem. O que é bom e saudável. Criar oportunidades, jantares românticos, luz de velas, vinho tinto e fondue de chocolate... brincadeiras, erotismo, fantasias sexuais. Tudo certo! É isso aí! Vamos encontrar o desejo e dar uma pitada de pimenta ao sexo, sempre! Mas se fizer sexo como obsessão, alguma coisa está errada. Brigar por causa da quantidade de vezes que um parceiro quer transar, algo precisa ser revisto. Portanto, é necessário começar a verificar se o seu estado é de sexaholic, porque se for, com certeza vai ter que buscar ajuda. Se o seu parceiro for o sexaholic da relação, também busque auxílio. Verá como vai conseguir amenizar sua "energia". O que não pode é deixar que uma relação se acabe por esse motivo.
Existem maneiras de superar qualquer problema. Até esse, que para muitos parece ser uma solução. Mas viver o excesso, seja qual for, cansa e causa transtornos que modificam nossos comportamentos e atitudes. Se você vive uma relação assim, comece a agendar uma nova maneira de ver sua vida. Procure ler sobre o assunto, conversar com pessoas experientes e, principalmente, marcar uma consulta com o psicólogo. Verá que sexo bom é aquele que dá prazer e não o que escraviza, tirando o sono durante a madrugada para "aliviar" os problemas mal resolvidos do parceiro.
Não fique com medo de perder a pessoa que está ao seu lado, se esta for um sexaholic. Se a ama, vale a pena investir. Mas se desistir, nada de culpas - "Não consegui suportar o ritmo dela ou dele" ou " Não devo ser boa/bom de cama". Nada disso! Nem pense em segurar a bandeira de que não gosta de sexo ou é assexuada/o. Tudo que é demais satura. E a harmonia entre um casal é fundamental para chegar ao prazer em todos os sentidos. Sendo assim, quem se ama e vive uma relação como essa, procure ajuda. Transforme uma possível situação desgastante em uma maneira incrível de ser feliz.
Por Beth Valentim é psicanalista e escritora

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