segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dia 21 de maio: Dia da Cachaça


Especialista cita curiosidades sobre a bebida

Delfino Golfeto, considerado o “Embaixador da Cachaça no Brasil”, destaca passagens históricas, aspectos relativos à produção, degustação e a relação com a gastronomia


Delfino Golfeto, além de dirigir a maior rede de cachaçarias do mundo – a Água Doce Cachaçaria, que conta com mais de cem unidades em onze estados e no Distrito Federal - é profundo conhecedor de cachaça. É tecnólogo em açúcar e álcool e considerado, o "Embaixador da Cachaça no Brasil". Nas inúmeras palestras que ministra pelo país, fala sobre todos os aspectos da bebida – da história à degustação.
A cachaça – reconhecida como produto genuinamente brasileiro por força de decreto – ocupa um lugar ‘privilegiado’ no mercado. Segundo dados do Instituto Brasileiro da Cachaça, o Brasil conta com mais de 40 mil produtores que detêm 4 mil marcas – 99% das empresas são de micro, pequeno e médio portes.
Ainda de acordo com o IBC, os estados brasileiros que mais se destacam na produção da cachaça são São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba. Os estados nos quais a cachaça é mais consumida são São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Minas Gerais.
A seguir, Golfeto cita algumas curiosidades sobre a cachaça:

História
- A cachaça acompanhou toda a história do Brasil. As primeiras mudas chegaram em 1502, trazidas pelo português Gonçalo Coelho.
- Foi a bebida dos escravos. Eles que iniciaram a produção de maneira clandestina. Entre os colonizadores, a bebida mais popular era a bagaceira.

Degustação
- Quando se toma uma cachaça, é preciso observar a ‘agressividade’, a acidez, o sabor alcoólico inicial e residual. A doçura também deve ser observada: é positiva se ela for resultante dos compostos doces do próprio produto e do método de armazenamento (quando também recebe açúcares provenientes da madeira na qual a cachaça é armazenada). É negativa quando é resultante da adição de sacarose. Muitas vezes, o açúcar mascara sabores ruins;
- Uma boa cachaça é límpida, transparente e sem resíduos. O degustador também avalia a aparência da bebida e não só o seu sabor. Em seguida, ele a cheira: o aroma deve ser agradável e dar vontade de continuar cheirando – além de despertar a vontade de saboreá-la;
- A boa cachaça deixa no copo uma oleosidade que escorre lentamente. É por isso que o cálice deve liso, transparente e de boca larga. A bebida queima agradavelmente na boca, “descendo bem suave”;
- O degustador de cachaça, quando a coloca em contato com a língua por alguns segundos, sabe definir o paladar: adocicado, ácido, amargo ou salgado.
- No processo de degustação de várias cachaças de gradação alcoólica diferentes é importante tomar água mineral gasosa e comer pedaços de pão puro.
- Para degustar uma dose, o ‘cachaçólogo’ demora de 15 a 20 minutos. Um coquetel e uma batida requerem de 20 a 30 minutos.

A boa cachaça
- Uma boa cachaça, geralmente, tem aroma suave. Alguns degustadores costumam agitar a garrafa para verificar a quantidade de bolhas que se formam. Quanto maior o número de bolhas, melhor a qualidade da bebida.
- A busca pela qualidade começa no preparo do solo. O processo requer a escolha correta do terreno, um bom preparo do solo e a seleção criteriosa da variedade da cana. O plantio precisa ocorrer na época correta, assim como a colheita. A moagem, extração da sacarose, fermentação e destilação são igualmente importantes.
- A cachaça de qualidade precisa ficar armazenada por, no mínimo, dois anos numa boa madeira. Se ficar acima de oito anos, vira produto nobre e ganha status.

Harmonização com pratos
- É uma tendência degustar cachaça com pratos que com ela ‘combinam’. No entanto, o gosto popular mostra que os melhores acompanhamentos são o torresmo e a pururuca.
- Sabe-se também que a cachaça é um ótimo digestivo, sendo assim, pode ser degustada antes das refeições, como aperitivo, e depois delas, para colaborar na digestão.

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