sábado, 27 de março de 2010

O encontro


Ela colocou o melhor vestido, a melhor bijuteria, o sapato mais bonito e está usando o melhor perfume. Decidiu então esperá-lo na sala, escutando o melhor da música popular brasileira e tomando um vinho suave. Fechou os olhos e começou a lembrar. Lembrou do dia que se conheceram. Lembrou do sorriso dele, do seu olhar descontraído e de sua fala mansa. Sorriu e tomou mais um gole de vinho. Tentava relaxar, mas não conseguia. Estava muito ansiosa. Coração pela boca, mãos suadas, frio na barriga e cabeça a mil, afinal eles iam ficar só pela primeira vez.
Ela escutou passos largos. Esperou ele bater a porta. Ele fechou os punhos, ficou pensativo em engatar nessa nova aventura. Ela atrás da porta, pensando em como será o primeiro beijo, o primeiro abraço. Fica nervosa, pois ele demora a bater a porta. Escuta a sua respiração. A porta na cara dele, a cara dele na porta. Ela por traz da porta. A porta e o muro invisível.
Mas ele não bate na porta. E ela não abre. E ficam os dois parados, sem fazer nada, trazendo com eles apenas a aflição de querer e não ter. Mas eles podem ter um ao outro. Basta esquecer o mundo lá fora. Esquecerem a lucidez e se entregarem um ao outro. Ficarem rosto a rosto, pele na pele, alma com a alma.

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