segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Amor: Conceito Utópico

Falar sobre o amor é propor-se a falar de uma utopia, de um sonho quase possível. Utopia significa um não-lugar, ou seja, um lugar fora dos lugares conhecidos, um lugar que existe, mas que não pode ser visitado a qualquer momento. Este não-lugar talvez seja o melhor lugar, é como um sonho que está distante, mas um sonho real que num momento não é. Mas que existe a clara possibilidade de ser, basta se entregar a ele.
Estar com alguém, mesmo que seja em sonho, em pensamento ou em imaginação, é ter toda a pessoa presente, mas uma presença na ausência, presença incorpórea.
Não basta esperar, é preciso se dispor nessa expectação. A intensa disposição garante a realização do encontro. Assim, na busca pelo amor não fazemos uma espera passiva, como quem simplesmente aguarda por algo que não conhece. Mas esperamos por algo que já fora objetivado há muito tempo. Por algo que já reside em nossa memória. Aguardamos por uma alegria que pervade por nosso ser e que se mostra como realização.
O longe é perto demais para quem se coloca nessa dinâmica do aguardo... Contudo, não podemos nos perder no tempo cronológico, aguardando às horas, os minutos ou os segundos, é preciso ir além. É preciso fechar os olhos, silenciar os ouvidos e aguardar. Aguardar para que de repente, como um estampido, como um raio de luz em meio às nuvens, o obscuro possa vir à fala.
Quando o que era obscuro vem à fala, a distância torna-se encontro. O coração deseja arrebentar o peito e o beijo acontece. Nenhum beijo é eterno, mas a sensação pode ser, mesmo que seja somente como recordação.
Entretanto, num rápido relance tudo isso passa e, mesmo que não queiramos, acabamos voltando à vida ordinária, voltamos à expectação. O que por um momento ficou claro torna-se novamente nebuloso. Aquilo que por um instante foi real e verdadeiro passa a ficar ao longe. E, lá da distante habitação, chama-nos para uma nova experiência, toda cheia de sentido novo e próprio.

Autor desconhecido

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