À Jane
O teu sinalzinho (incógnita candura!)
no cantinho da boca... Boca que sobeja
e tartamudeia; e que me cospe e me beija...
Faça-me de gato e sapato, criatura!
Sob teus pés louçãos, rendo-me à tua teia;
teus pés que pisam... Espezinhas teu escravo!
Com o espinho da rosa, com a vergôntea do cravo...
Açoite-me, princesa! Mate-me de peia!
Devore-me amiúde com tua fome nobre;
sinto-me um gentil fidalgo a te bem servir;
sirvo-te... devore tudo, sem que me sobre
nada, nada. Eis aqui o prato que sirvo a ti:
a tênue matéria humana deste pobre
ser que te suplica. Deleite-te de mim!
Ademir Pedrosa
Poesia de um poeta real para uma inspiração real.
O tempo não apagou a inspiração de Ademir, que não podia ver a lua quando se ajeitava nas cadeiras dos quiosques da Orla...
“O poeta está vivo, foi ao inferno e voltou”, já cantou Frejat
Jane continua viva, o Poeta está solto por ai, Lampião não desiste de compor...
E eu aqui para testemunhar...
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